Sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são os principais fatores para desencadear da doença
A vida moderna traz suas praticidades, mas é uma das causas para a alimentação desregrada, grande intervalos entre as refeições, além do sedentarismo. Esse é um quadro que cada dia se torna mais evidente entre crianças e adolescentes, em que a maioria prefere passar mais tempo em frente à televisão jogando vídeo-game e no computador, onde não precisa se deslocar ou faz movimentos mínimos para se divertir.
Todos esses fatores são responsáveis pela obesidade, que atinge 10% das crianças brasileiras, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Dados de 2004 da Organização Mundial de Saúde somam aproximadamente 22 milhões de crianças abaixo de cinco anos acima do peso.
A preocupação é tamanha, pois, em muitos casos, o sobrepeso na infância e adolescência tende a persistir durante a vida adulta e a partir da obesidade podem desencadear fatores de risco como hipertensão, alto índice de triglicerídeos, colesterol e açúcar no sangue, a síndrome metabólica. Apesar de estar presente em um quarto da população adulta mundial, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), a doença está se manifestando com mais frequência em crianças e adolescentes. Uma pessoa com síndrome metabólica tem cinco vezes mais chances de desenvolver diabetes tipo 2.
Segundo Roberta Frota Villas Boas, endocrinologista do Hospital 9 de Julho, o diabetes tipo 2 está associado à obesidade e resistência insulínica, aparecendo com frequência em crianças na fase escolar e adolescentes. A doença se desenvolve em indivíduos portadores de síndrome metabólica e que tem predisposição genética, além de mulheres que apresentaram diabetes gestacional. A médica explica que o estilo de vida atual tem contribuído para o aparecimento precoce de diabetes tipo 2.
— As crianças e adolescentes tem uma alimentação mais rica em carboidratos e gorduras, são mais sedentárias e, consequentemente, mais gordas. Isto acaba levando a uma resistência à insulina — afirma.
Em muitos casos o tratamento para a diabetes tipo 2 é simplesmente comportamental.
— Mudanças na dieta, com restrição calórica, prática de atividade física moderada são medidas que os pais e educadores devem aplicar no dia a dia de crianças e adolescentes que estão acima do peso explica Roberta.
É importante alimentar a criança a cada três e quatro horas, para que não tenha queda de glicemia. Nesses casos, os sintomas são mal estar, sudorese, náuseas, turvação visual, taquicardia e até convulsões e perda de consciência. Os casos desse tipo de diabetes, na maioria das vezes, não necessitam a intervenção de medicamentos, porém, a insulina pode ser utilizada, caso não consiga chegar a um controle adequado.
Fique atento
A diabetes tipo 2 pode ser uma doença assintomática, principalmente se a hiperglicemia não for muito severa. Por isso os exames de rotina precisam ser realizados com frequência para identificar possíveis alterações. Mas em alguns casos, os pais precisam ficar atentos se a criança estiver bebendo muito líquido e urinando bastante. Outros sintomas podem ser fraqueza, emagrecimento, sonolência e tontura.
Caso a doença seja diagnosticada, os pais e a criança ou adolescente devem ser orientados a procurar médicos, psicólogos, instituições de apoio ao diabetes tipo 2, para que se sintam seguros quanto à doença e seu tratamento.
— A criança precisa se sentir bem adaptada ao seu ambiente (amigos, escola) e para isto deve contar com o apoio dos pais e profissionais. É importante avisar a escola sobre o DM e esclarecer os amigos, afinal não deve haver nenhum tipo de preconceito — esclarece a médica.
Como evitar o diabetes tipo 2
Para evitar o aparecimento da doença, mudanças no hábito de vida serão mais do que necessário. Segundo a Dra. Roberta, toda a família deve participar desse planejamento. Confira algumas dicas da médica:
:: controlar o peso e a ingestão de calorias diárias, lembrando que o valor total de gorduras de uma refeição não deve ultrapassar 25%;
:: alimentação balanceada, com bastante fibras e baixo teor de sódio, gorduras e calorias, como doces, salgadinhos, frituras, refrigerantes etc);
:: prática de atividade física. Pode ser caminhada, corrida, natação, esporte coletivo, esporte coletivo ou qualquer outro exercício que propiciem prazer à criança e ao adolescente.
Não confunda
O diabetes pode ser classificado em: diabetes tipo 1, tipo 2 e gestacional.
:: Diabetes tipo 1 (DM1)
É uma doença auto-imune que destrói as células produtoras de insulina, confundindo-as com corpos estranhos e faz com que o organismo deixe de produzir o hormônio ou o produza em quantidade muito pequena. A doença acomete, em todo o mundo, 440 mil crianças com menos de 14 anos e mais de 70 mil a desenvolvem anualmente. A principal causa é genética. Fatores emocionais ou até agressão de algum vírus podem desencadear o aparecimento da doença. O tratamento para controle do diabetes tipo 1 é com insulina diariamente. Entre os sintomas estão perda de peso, muita sede, vontade de urinar muitas vezes e fome freqüente, além de fraqueza, fadiga, mudanças de humor, náuseas e vômito.
:: Diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é até 10 vezes mais comum que o tipo 1 e geralmente apresenta uma hereditariedade, além de também estar relacionada com a síndrome metabólica, causada pelo sedentarismo, dieta inadequada e obesidade. Seu controle é basicamente a mudança na alimentação e prática de atividades físicas.
:: Diabetes gestacional
Se a mulher não tiver diabetes, ocorre uma alteração das taxas de açúcar no sangue e que pode ou não desaparecer após o parto. Outro caso é quando a mulher já tem o diabetes e engravida. Os cuidados com a saúde do bebê aumentam.
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